quarta-feira, 13 de março de 2013

Verdes tempos de Cecília

E por trás dos olhos de Cecília, mantivera-se escondida uma nostalgia sem fim.
Lembra que um dia mergulhara nas profundezas de um verde finito. Tão finito que acabara rápido demais, sem ter podido se deixar levar pelas límpidas cores de seu ser.
E aquele verde, secreto, amargurado e escurecido, por fim fora trancado e escondido, onde Cecília jamais pudera saber. Pois procurara. Mas não, nunca encontrara.
Ah, como sentira falta daqueles tempos. Tempos nos quais, mesmo consciente de que sofrera horrores, venderia sua alma a quem a quisesse, só para vivê-los novamente.
Cecília soubera que apesar de seus sofrimentos, de suas angústias embutidas e estampadas em seu espírito, aquela infinidade tão finita de verde a fizera sentir-se tão amada quanto odiada.
Os olhos de Cecília atuaram sua vida inteira. Mentiram e fingiram. Foram o que puderam e o que não poderiam ser. Deram trabalho. Suaram e choraram. Mas por fim, esconderam a saudade daqueles tempos que, deveras, jamais existiram. 


                                        A.B.

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